segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FLORES E FLORESTA AMAZÔNICA. A ARTE BOTÂNICA DE MARGARET MEE

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Este ano de 2009 fomos presenteados com o lançamento do maravilhoso livro Flores da Floresta Amazônica: a arte de Margaret Mee que traz, aproximadamente, sessenta dos principais trabalhos da artista inglesa, considerada uma das mais importantes ilustradoras botânicas do século XX. Esta edição, realizada pela Editora Escrituras, comemora o centenário do nascimento da autora e apresenta desenhos adicionais produzidos durante suas viagens pela floresta, desde sua primeira expedição, em 1956.
Os textos foram extraídos diretamente dos diários que ela mantinha durante suas extensivas - e muitas vezes solitárias - aventuras pelo Amazonas, e trazem seus comentários sobre as flores, árvores, aves e animais da região, as rotas, itinerários e plantas encontradas, bem como suas opiniões sobre a floresta tropical brasileira que desaparecia rapidamente.
Lendo o livro podemos sentir as impressões da pesquisadora e viajar em seus comentários. “De lá, navegamos correnteza acima no rio Demini, entrando por um canal estreito de jarás, uma pequena árvore que, durante o período da cheias, fica parcial ou totalmente imersa. Em seus caules fibrosos agarrava-se uma orquídea com flores em formato de sinos em tons de roxo, marrom e creme chamada Galeandra devoniana. Seu perfume preenchia o ar.”
O livro nos mostra o mapa da Amazônia e os 13 capítulos são sobre Catasetums, Catléias, Oncidiums, Gustavias, Helioconias, Neoreglelia , Loranthaceaes e várias outras orquídeas nos diversos rios e florestas
“Em um galho coberto por musgo encontrei uma Clowesia warczewitzii, uma espécie de orquídea não encontrada pelos botânicos há mais de oito anos. Como não havia mais o que fazer na cachoeira continuei na descida do rio. No caminho encontrei uma bela orquídea azul, Acacallis cyanea, em flor. A Serra do Demini começou a surgir ao leste aos poucos. Agora começamos a perceber a chegada da primavera por causa das árvores floridas, o rosa e o branco das gustavias, o suave roxo do pau-rosa e das incontáveis clúsias rosa-claras, as árvores estranguladoras.”
Margaret Mee ficou fascinada pela miscigenação brasileira, ao encontrar, em seu caminho, os habitantes locais, com os quais teve a oportunidade de viver por algum tempo, tornando-se amiga de muitos, com o passar dos anos. Dotada de uma estrutura física pequena, olhos azuis e cabelos louros, achava importante não permitir que seu padrão físico interferisse em seu trabalho, mantendo sua aparência o mais simples possível. Lutou e perdeu algumas batalhas contra terríveis insetos, como o pium, por não usar luvas e redes sobre seu chapéu; mas nunca perdeu o senso de humor, mesmo após as situações mais perigosas e hostis. “ Fiquei triste em ter que deixar estas pessoas tão lindas, habitantes de um outro mundo, um mundo de natureza gloriosa- mas por quanto tempo?”
Nas colônias onde permanecia, visando preservar as plantas pelo maior tempo possível, cultivava pequenos jardins onde plantava os espécimes, muitos dos quais terminaram em centros de pesquisas de São Paulo e do Rio.
Mee esteve envolvida em pesquisas no Instituto de Botânica de São Paulo, o que proporcionou a Margaret viagens por todo o Brasil e ampliou seus conhecimentos sobre as plantas e suas riquezas. Manifestava frequentemente seu desagrado em relação à exploração destrutiva da Floresta Amazônica, o que se transformou em uma cruzada apaixonada pela preservação do ambiente, que conquistou a admiração e o respeito de muitos, como o amigo Roberto Burle Marx.
O reconhecimento de seu trabalho chegou na forma de suporte financeiro concedido pelo governo brasileiro, pela Sociedade Geográfica Nacional e pelo Prêmio Guggenheim. Nove novas espécies de plantas registradas por Margaret Mee, anteriormente desconhecidas pela ciência, levaram seu nome em sua homenagem, incluindo a Aechmea meeana, a Sobralia margaretae e a Neoregelia margaretae.
São 168 páginas escritas em português e inglês, numa narrativa poética, recheada de fotos, gravuras de flores e animais da região.

Bibliografia:
- Margaret Mee. Flores da Floresta Amazônica. A Arte botânica de Margaret Mee. Ed. Escrituras. São Paulo. 2009
- www.relativa.com.br
-http://www.escrituras.com.br

3 comentários:

Unknown disse...

Obrigada pela "visita". Adorei conhecer teu lado orquídea, o blog ficou simplesmente lindo! Aguardo teu artigo e agradeço teu carinho e contribuição. Bjos. Juli

Edson Reis disse...

Gostaria de lhe pedir, por favor, que confirmasse se nesse livro há uma reprodução da Galeandra Devoniana feita pela Margaret Mee. Vi a exposição dela no MAC e gostei muito da técnica usada por ela.

Se possível, peço também que indique onde posso encontrar mais reproduções da Galeandra Devoniana.

Muito obrigado!

viola quebrada disse...

pra não dizer que não falei de flores: www.myspace.com/oswaldorios