sábado, 24 de janeiro de 2009

POUSADA VITÓRIA - STA ROSA DE LIMA - SC


A vantagem de não ter casa na praia, nem sítio e morar num apartamento pequeno é que assim acabamos conhecendo vários lugares diferentes.
Agora depois do Natal, enquanto todo mundo fica nas praias, vamos para a serra de Santa Catarina.
Quando pergunto ao Márcio onde fica esta cidade, ele me manda o site da Pousada Vitória ou Pousada da Dida.
http://www.acolhida.com.br/destinos/santa-rosa/pousada-dida.html. Convenceu-me! Adorei as fotos da região, da pousada e da dona. O site mostra a localização de Santa Rosa de Lima, as diversas pousadas que fazem parte de uma Associação chamada Acolhida na Colônia, do ecoturismo da região, as atividades realizadas pelos agricultores e até as especialidades culinárias.
No caminho fiquei maravilhada com a quantidade de bromélias e Oncidiuns floridos. Escutamos vários pássaros, vimos tirivas, pica-pau, canários e borboletas de todas as cores.
Depois de passar pelo canteiro de obra da Usina Hidroelétrica de Santa Rosa, pra frente uns 3 km chegamos à Pousada da Dida.

Quando paramos o carro, só o que vi foram orquídeas amarradas em praticamente todas as árvores. Em cima de uma mesa de madeira, pedaços de xaxins com seedlings de Pleurothallis, Maxillarias, e outras micro-orquídeas. Na frente da casa onde ficaríamos mais Dendrobium, Oncidium, Laelia e outras espécies de Pleurothallis, Maxillarias, Octomeria, Rodriguesia, Capanemia.
Perguntando para a Dida quem era o aficionado, ela me fala de seu filho Jackson. No mesmo dia à tardinha conheci um rapaz muito simpático e inteligente de 15 anos. Nos dias que se passaram este rapaz nos levou para várias trilhas, algumas dentro da Pousada e outras em região preservada pelos eco-agricultores, nunca havia visto tanta orquídea em tão pouco tempo. Jackson não sabe o nome de todas as orquídeas que cultiva mais nas trilhas, na mata fechada, me faz olhar pra cima e pra baixo e admirar as nativas.
Contou-me que ele e seu pai recolheram várias espécies de bromélias e orquídeas em áreas desmatadas para plantações de fumo, eucalipto e durante a construção da barragem da Usina hidroelétrica.
Dida e sua família são apicultores filiados da AGRECO (Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral)
http://www.agreco.com.br/.
O mel é produzido na propriedade e seu sabor é suave, orgânico, puríssimo, quem sabe devido às orquídeas abundantes da região.
A Pousada Vitória também faz parte da Acolhida na Colônia. As famílias que participam do Programa têm normas a serem seguidas onde 50% do alimento que é oferecido devem ser produzidos na propriedade e 30% dos vizinhos da região. Até o açúcar cristal e a farinha de trigo são orgânicos.

Isso tudo fortalece a economia do desenvolvimento sustentável de toda a região, estimulando uma vida mais saudável e com mínimo prejuízo ao meio ambiente. E nos faz ter alguma esperança que existirão pequenos santuários preservados no futuro.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

FILME: Adaptação


CURIOSIDADE: PARA ASSISTIR

Filme Adaptação (Adaptation) de 2002
Dirigido por Spike Jonze o mesmo de “Quero ser John Malkovich”.
O elenco é composto por:
Nicolas Cage, Meryl Streep, Chris Cooper e Brian Cox.
O filme conta a estória de um diretor contratado para realizar o roteiro de um filme baseado em um livro chamado “O Ladrão de Orquídeas”. É interessante assistir porque durante o filme o colecionador de orquídeas nos descreve sobre seu interesse por esta planta espetacular.

CRÔNICA: Orquídeas e seus Florianopolitanos

Fazia uns quinze dias desde a última vez que estivemos na Praça Esteves Jr. e vimos inúmeros botões de Cattleya leopoldii. Estavam a uns 15 metros de altura nas palmeiras imperiais e mais baixo na amendoeira. Não contei o número de plantas mais dava gosto para qualquer orquidófilo ou pessoa que admira a natureza olhar pra cima.
Depois de convidar meus amigos da ASSOF para visitar àquela maravilha bem no centro de Florianópolis, a disposição de todos, Dr. Gilmar sugeriu-me descobrir como as orquídeas pararam lá em cima. Seria ótimo resgatar um pouco a história das orquídeas na nossa ilha.
Hoje, domingo, de mão dada com o Márcio, olhando o Pedro, que dispensa comentários e Beto, nosso queridíssimo sobrinho, andando de bicicleta nas ruas desertas do centro; fico pensando como pequenas coisas podem nos fazer tão felizes.

Contei do nosso objetivo que seria chegar à Praça Esteves Jr., Pedro e Beto foram na frente pedalando. Pensava nas orquídeas se estariam abertas.
Depois de passar pela Curia Metropolitana, volta Beto correndo, gritando que Pedro havia se machucado e que uma senhora estava cuidando dele.
Andamos mais rápido. Chegando à pracinha já vejo meu filho sorrindo. Não foi nada sério, nada que um abração e um beijo não resolvessem. Fui agradecer a senhora que olhava pra mim com olhos amorosos e tranqüilos. Disse-me que tentou tranqüilizar os dois e que o dono da Banca de Jornal deu uma garrafinha de água.
Seu Altair Castro não me deixou pagar a água, falou que era por conta dele, que essas coisas aconteciam. Beto e Pedro então compraram gibis. Depois de me apresentar, comecei a falar das Cattleyas. Seu Altair, não sabia se alguém havia plantado, mas me mostrou os passarinhos, com seus ninhos entre as orquídeas. Contou-me que os plátanos, que foram cortados, também estavam cheios de orquídeas. Observamos a amendoeira com outras espécies.
A espécie Cattleya leopoldii, é uma planta forte, com folhas espessas e coriáceas. Suas flores são pequenas e abundantes, normalmente florescendo de dezembro a janeiro. A durabilidade das flores varia de 20 a 30 dias e exalam um perfume adocicado parecido com cravo. A história da Cattleya leopoldii é bem interessante. Centenas de orquídeas conhecidas como Cattleya guttata Lindley foram coletadas na região sul do Brasil e levadas para a Europa por uma firma belga. Em homenagem ao rei Leopoldo, da Bélgica, que era apaixonado por orquídeas, recebeu o nome de Cattleya guttata variedade leopoldii.
Despedi-me de Seu Altair deixando o último boletim da ASSOF e me encaminhei, em seguida, para a floricultura Bella Flor Floripa, quem sabe o dono tivesse mais alguma informação. Seu Nelson Costa me contou a história que estivera procurando. As orquídeas haviam sido plantadas há muito tempo pelo antigo floricultor da Praça Esteves Jr., Jorge Krüeger. Eu estava ansiosa para saber mais, afinal para alguém que não é jornalista, já tinha chegado bem longe. Pedi o telefone de Seu Jorge para poder conversar com alguém tão especial que havia plantado orquídeas belíssimas em praça pública, pra todos admirarmos.
Foi quando soube que Seu Jorge havia sofrido um derrame, que como seqüela estava com dificuldade na fala, mas que daria o celular da sua filha Manuela.
Tudo isso foi muito rápido, não mais que uma hora. Mas a emoção foi intensa. Que pessoas! Ajudaram-me livres de qualquer receio, desinteressadas e generosas. São os florianopolitanos, independente se nasceram aqui ou não, pessoas de bem, que reconhecem que um precisa do outro e que cada momento é uma oportunidade de trocar amor.

Manuela uma Orquídea
Enrolei bastante antes de telefonar para Manuela. Estava meio sem jeito, tenho dificuldade em falar no celular. Mas resolvi enfrentar. Pensei em várias introduções e liguei.
Quem me atendeu, me desarmou. Uma voz doce, de uma moça que parece boníssima, gentil, inteligente, cativante e super atenciosa. Disse-me que teria o maior prazer em ajudar, me passou seu e-mail para nos comunicarmos, pois precisava falar com calma com seu pai sobre o assunto.
Muitas mulheres se parecem com flor. Tive certeza, Manuela é uma orquídea.
Não tardou para me enviar um e-mail carinhoso. Seu pai e outras pessoas amarraram as Cattleyas e outras orquídeas há mais ou menos 25 anos. Plantaram nas árvores da praça com escadas bem altas para que ninguém pudesse pegar. As orquídeas foram compradas ou doadas por amigos e moradores da região.
Seu Jorge Krüeger passou para sua filha, que por incrível que pareça, não eram os jovens que tentavam pegar as plantas e sim as pessoas de mais idade.
Os passarinhos foram os responsáveis por disseminar as mudas e aumentar a quantidade.
Manuela me explicou que seu pai não recordava de mais nada.
Fiquei pensando em Manuela, seu pai, nas pessoas que ajudaram a plantar as orquídeas, nas pessoas que me ajudaram a descobrir a verdade, nas orquídeas floridas majestosas e inalcançáveis, nos passarinhos... tudo em harmonia.