domingo, 8 de março de 2009

ORQUÍDEAS E SEUS POLINIZADORES


De aparência frágil, as orquídeas são muito resistentes e evoluíram para a adaptação em todos os ambientes, com exceção da água e dos desertos. Ela é encontrada em todos os continentes.
A Schomburgkia tibicinis, por exemplo, é uma litófita (cresce e se desenvolve em rochedos) cujas flores possuem caules que podem atingir três metros de altura, de modo que possam atrair agentes polinizadores. Essa orquídea também hospeda exércitos de formigas no interior oco de seus bulbos. Esses insetos, em retribuição, defendem a planta contra outros insetos herbívoros e pragas que se nutrem de suas folhas.

Existem orquídeas fertilizadas por pássaros ou morcegos, mas a grande maioria - precisamente 86% delas - é polinizada por insetos. A Cymbidium ostenta uma mancha amarela que parece oferecer alguns tentadores bocados de pólen às abelhas polinizadoras. Quando elas chegam e tentam mastigar a isca decorativa, a orquídea deposita o pólen real nas costas do inseto.
Para polinizar suas flores, as orquídeas do gênero Ophyr têm cores metalizadas e atraem os machos das abelhas e vespas secretando um cheiro parecido com o ferormônio das fêmeas desses insetos. O labelo destas flores imita a forma, a cor e até os pelos que cobrem o abdômen das abelhas fêmeas. Tudo isso, estimula o inseto macho fazendo com que este tente copular com a flor, enquanto isso ela deixa cair sobre seu dorso o pólen necessário para polinizar outra orquídea.
Nas regiões úmidas do Oriente Médio, as orquídeas Serapias imitam um abrigo para abelhas. Na natureza, as fêmeas passam a noite em buracos no solo e os machos entram à sua procura. As flores da Serapis têm uma abertura sedutora e um longo tubo. Quando a abelha entra no tubo, a sua passagem é parcialmente bloqueada pela coluna da orquídea, ao forçar a passagem acaba cobrindo-se de pólen. Como não consegue atingir seu objetivo, voa para outra flor.

A espécie Paphiopedilum callosum, encontrado no sudeste da África são muitas vezes polinizadas por uma única espécie de abelha ou mosca sirfo. O inseto é guiado ao centro da flor, local escorregadio que o faz cair numa pétala-bolsa. O único meio de sair é galgar os pelos do dorso da bolsa, uma rota que o faz passar pelos sacos de estigma e pólen. O pólen gruda no inseto e é carregado ao estigma feminino da flor seguinte.

Na espécie Catasetum saccatum o inseto polinizador caminha ao longo da pétala em forma de colher, em direção ao néctar da flor. Enquanto pisam encostam suas costas contra uma projeção em forma de antena da própria flor. A antena está ligadas ao broto flexível e age como gatilho, lançando um pacote de pólen viscoso na direção das costas do inseto.

Charles Darwin, escreveu um livro só sobre fertilização de orquídeas no livro: Os vários dispositivos pelos quais as orquídeas britânicas e estrangeiras são fertilizadas pelos insetos e os efeitos benéficos do intercruzamento.
Na natureza, as sementes são formadas pela ação de insetos, pássaros, formigas que polinizam as flores das orquídeas. Com a destruição das matas e o uso de produtos tóxicos (ironicamente chamados de defensivos químicos) tem ocorrido o desaparecimento desses agentes polinizadores e as orquídeas remanescentes em matas preservadas, não mais se reproduzem, pois não ocorre a polinização e a formação das cápsulas de sementes .





Um comentário:

POEMAS disse...

ORQUIDEAS DA MEMORIA

Mistérios tamanhos ensejam seu esplendor,
E a sua beleza serena, altiva, que se impõe,
Carrega em sua formosura a pujança da cor,
Envolta de memórias tão vivas até então sossegadas.

Num vaso qualquer, num canto de uma sala qualquer,
Inevitável que me prenda o olhar e aguce a lembrança,
E me lance em flash de algum tempo ido,
Então dormindo sob a guarda do passado.

A sua forma exuberante e solitária de estar,
Beleza contida e exposta de quando em quando,
Aguardada igual rebento fecundo dum grande amor,
Viço que se prolonga igual querer enraizado na razão.

Orquídea da memora dos tempos que não voltam,
Salvo nesses relances de imagens que se fazem,
Nesses instantes que a vejo assim tão solitária,
E me vejo em ti quando a olho assim formosa e só;
Inevitável lembrar de quando me olhavas assim.

EACOELHO