segunda-feira, 30 de março de 2009

Stanhopea insignis - por Sovenir Dias


Há mais de seis anos que tenho esta planta, embora esteja na rua pendurada em arvore nunca havia sido polinizada. Quando da visita de minha filha e neta no dia 13/02/09, como é de costume elas gostam de apreciar as flores de minhas orquídeas, ao parar-mos para apreciar as flores da Stanhopea insignis Pámela minha neta que é muito observadora coisa natural em crianças em sua idade, dez anos, foi logo avisando, cuidado dentro da flor tem um bicho, então vendo que se trava de uma abelha, logo pedi que pegasse a câmera fotográfica para registrar o fato e ai temos o resultado conforme mostram as fotos.
Para que a matéria fosse completa, até porque nunca havia observado tal tipo de abelha fui à busca da informação. A abelha em questão é uma Eulaema pseudocingulata, conhecida por polinizadora de orquídeas.
Stanhopea é um gênero botânico pertencente à família das orquídeas. A Stanhopea insignis é a espécie tipo deste gênero. O nome gênero é uma homenagem a Lord Philipp Henry Stanhope,
orquidofilo Inglês.
Planta relativamente grande, com flores exóticas, perfumadas, porem dura pouco mais de três dias, a principal diferença entre elas é o labelo e o numero de flores.
Stanhopea agrupa cerca de cinqüenta espécies epífitas, eventualmente rupícolas, distribuídas do México ao Sul do Brasil, normalmente crescendo à sombra das matas úmidas ou sobre rochas abrigadas, onde há grande deposito de detritos. A maioria das espécies concentra-se no México, América Central e Equador principalmente as mais coloridas. Existem mais ou menos oito espécies no Brasil, entre elas grandiflora, lietzei, graveolens, oculata e insignis, estas espécies são bastante variáveis e parecidas, e difíceis de descrever, por isso não existe consenso no numero de espécie.
São plantas robustas, com pseudobulbos ovóides mais tarde sulcados longitudinalmente, agregados, verde escuro, uni foliados, na base guarnecida por bainhas. As folhas são pecioladas, herbáceas, plicadas e apresentam diversas nervuras dorsalmente salientes.
As flores são pendentes brota da base do pseudobulbo, crescendo para baixo, comporta de duas a dez flores grandes, de forma estranha, cujo ovário normalmente esta coberto por ampla bráctea.
As flores possuem sépalas grandes e côncavas, de consistência carnosa e aparência cerosa. O labelo é muito complexo, carnoso, rígido, com hipoquilio (bot. Porção inferior do labelo das orquídeas), muito carnoso e côncavo, mesoquilio (parte media do labelo das orquídeas quando tripartido), e epiquilio (extremidade do labelo), largo por vezes com dois apêndices em forma de chifres. A coluna em regra é longa e carnosa, arqueada ficando com a antera e o estigma sobre o epiquilio, atenuada para a base, com duas grandes asas na extremidade. Antera terminal uniculada (só uma cavidade) com duas polineas cerosas.
O cultivo, haja vista, sua flor pendente deve ser feito em cesta de madeira. Pode acrescentar ao substrato casca de madeira podre, detritos, areia ou pedrisco.
Classificação cientifica
Domínio – Eukaryota
Reino – Plantae
Divisão – Magnoliophyta
Classe – Liliopsida
Ordem – Asparagales
Família – Orquidaceae
Gênero – Stanhopea

Autoria: Sovenir Macio Dias

quinta-feira, 12 de março de 2009

EXPOSIÇÃO CATTLEYA LABIATA dias 20, 21,22/04 em Florianópolis


Na Associação de Orquidofilia de Florianópolis será a Exposição Cattleya labiata. Além das belíssimas Cattleyas encontraremos outras orquídeas. Haverá venda de plantas na frente da Associação, localizada na Rodovia Admar Gonzaga, 904 -bairro ITACORUBI

domingo, 8 de março de 2009

ORQUÍDEAS E SEUS POLINIZADORES


De aparência frágil, as orquídeas são muito resistentes e evoluíram para a adaptação em todos os ambientes, com exceção da água e dos desertos. Ela é encontrada em todos os continentes.
A Schomburgkia tibicinis, por exemplo, é uma litófita (cresce e se desenvolve em rochedos) cujas flores possuem caules que podem atingir três metros de altura, de modo que possam atrair agentes polinizadores. Essa orquídea também hospeda exércitos de formigas no interior oco de seus bulbos. Esses insetos, em retribuição, defendem a planta contra outros insetos herbívoros e pragas que se nutrem de suas folhas.

Existem orquídeas fertilizadas por pássaros ou morcegos, mas a grande maioria - precisamente 86% delas - é polinizada por insetos. A Cymbidium ostenta uma mancha amarela que parece oferecer alguns tentadores bocados de pólen às abelhas polinizadoras. Quando elas chegam e tentam mastigar a isca decorativa, a orquídea deposita o pólen real nas costas do inseto.
Para polinizar suas flores, as orquídeas do gênero Ophyr têm cores metalizadas e atraem os machos das abelhas e vespas secretando um cheiro parecido com o ferormônio das fêmeas desses insetos. O labelo destas flores imita a forma, a cor e até os pelos que cobrem o abdômen das abelhas fêmeas. Tudo isso, estimula o inseto macho fazendo com que este tente copular com a flor, enquanto isso ela deixa cair sobre seu dorso o pólen necessário para polinizar outra orquídea.
Nas regiões úmidas do Oriente Médio, as orquídeas Serapias imitam um abrigo para abelhas. Na natureza, as fêmeas passam a noite em buracos no solo e os machos entram à sua procura. As flores da Serapis têm uma abertura sedutora e um longo tubo. Quando a abelha entra no tubo, a sua passagem é parcialmente bloqueada pela coluna da orquídea, ao forçar a passagem acaba cobrindo-se de pólen. Como não consegue atingir seu objetivo, voa para outra flor.

A espécie Paphiopedilum callosum, encontrado no sudeste da África são muitas vezes polinizadas por uma única espécie de abelha ou mosca sirfo. O inseto é guiado ao centro da flor, local escorregadio que o faz cair numa pétala-bolsa. O único meio de sair é galgar os pelos do dorso da bolsa, uma rota que o faz passar pelos sacos de estigma e pólen. O pólen gruda no inseto e é carregado ao estigma feminino da flor seguinte.

Na espécie Catasetum saccatum o inseto polinizador caminha ao longo da pétala em forma de colher, em direção ao néctar da flor. Enquanto pisam encostam suas costas contra uma projeção em forma de antena da própria flor. A antena está ligadas ao broto flexível e age como gatilho, lançando um pacote de pólen viscoso na direção das costas do inseto.

Charles Darwin, escreveu um livro só sobre fertilização de orquídeas no livro: Os vários dispositivos pelos quais as orquídeas britânicas e estrangeiras são fertilizadas pelos insetos e os efeitos benéficos do intercruzamento.
Na natureza, as sementes são formadas pela ação de insetos, pássaros, formigas que polinizam as flores das orquídeas. Com a destruição das matas e o uso de produtos tóxicos (ironicamente chamados de defensivos químicos) tem ocorrido o desaparecimento desses agentes polinizadores e as orquídeas remanescentes em matas preservadas, não mais se reproduzem, pois não ocorre a polinização e a formação das cápsulas de sementes .





domingo, 1 de março de 2009

EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA E PLANTAS



Betânia trabalha com as fendas, com os labirintos, com os fragmentos, com as fissuras espontâneas, com a vida das plantas, com experiências de vida e de morte, com variedades de matérias: vidros, espelhos, fibras, ninhos de pássaros colhidos em seu quintal – a fragilidade da morte e a força da vida. Suas obras são em si mesmas a ambiguidade da própria vida, um fazer-se e refazer-se contínuo, a reversibilidade, em que a obra é mundo e o mundo é obra.
Nas fendas, Betânia fotografa incessantemente o que insiste em nascer, apesar de toda estreiteza de promessa quanto à possibilidade de vida. Seu olhar espreita nas fendas aquilo que elas ainda podem oferecer como possibilidade de vida, ou de morte. Fotografa o esforço imenso da vida de vir à luz. Nas fendas fotografadas, sempre há vida: alento da busca.
A artista faz da possibilidade de sobrevivência das plantas um exercício semelhante ao que a própria existência realiza com a vida humana. Impõe a elas situações: a algumas dá água, a outras, impele-as a modificar “hábitos”, quando as priva da água. Qual o limite da resistência? Ou, até que ponto suportamos o sofrimento, a perda, as incertezas? Não seria esta a indagação da artista?
Suas cerâmicas são ninhos em que a fibra natural tece um poema à existência. Esses ninhos frágeis solicitam leveza na aproximação. São frágeis ninhos revestidos de fina cerâmica. Encantam. Descansam sobre a visibilidade ambígua do espelho e repousam em palavras: sonhos. São labirintos infinitos, guardadores de mistérios, que conferem ao nosso olhar uma impotência enorme quando desejamos abarcá-los, como as “pausas” que a vida oferece, e que, por muito pouco, e, subitamente, podem ser ceifadas. Há de se carregar esses ninhos com muito zelo, pois são esconderijos da vida. Há de se dizer que as obras de Betânia inauguram alentos, proximidades, quiasmas – confortos poéticos para nossas almas.


Anita Prado Koneski